sexta-feira, 23 de maio de 2014

GUIA PRÁTICO DE CONDUTA EM APS

             

Para você que faz parte daquele reduzido grupo de segurados relaxados, que não se prendem a horários, são materialmente tão desprendidos a ponto de não se importar com próprios  documentos ou têm um senso moral bastante elástico, produzimos este pequeno teste preparatório para enfrentar as dificuldades promovidas pelos cruéis servidores do INSS.

1-     Quando o servidor pergunta por que você chegou cinco horas atrasado para o seu agendamento, você responde:
a.     (  ) O pneu do ônibus furou.
b.    (  ) Ué, pensei que estava chegando adiantado.
c.     (  ) Eu já estou aqui há oito horas, só não sabia que tinha que pegar senha.
d.     (  ) Eu não gosto dessa coisa de ter que acordar cedo.

2-   Ao ser indagado sobre por onde andam as páginas de identificação de sua carteira profissional, a sua resposta é:
a.     (  ) O cachorro comeu.
b.    (  ) Ué, não estão aí, não?
c.     (  ) Meu filho rasgou, mas o resto tá tudinho aí.
d.     (  ) Sou desmazelado e não cuido de meus pertences.

3-   Em relação à solicitação dos carnês e CICI do NIT em faixa   crítica , assinale a melhor resposta:
a.     (  ) A enchente carregou.
b.    (  ) Perdi tudo na mudança.
c.     (  ) Carnê? O que que é isso?
d.     (  ) Sou desmazelado e não cuido dos meus pertences.

4-   Quando o servidor menciona aquela sua aposentadoria cessada por fraude após 10 anos de plena atividade, você argumenta:
a.     (  ) Pois é, fiquei sabendo disso outro dia. Como tem gente safada neste mundo!
b.    ( )  Deve ter sido aquele cara que pediu todos os meus documentos, não sei pra quê. Eu nunca recebi nada. Como tem gente safada neste mundo!
c.     ( ) Clonaram todos os meus documentos, fizeram essa aposentadoria aí e ainda depositaram os vencimentos na minha conta! Como tem gente safada neste mundo!
d.     (   ) Isso aí que você está me contando é novidade para mim e eu quero saber quem foi o meliante que falsificou a minha assinatura.  Como tem  gente safada neste mundo!

5-    Quando o servidor descobre, pesquisando os dados cadastrais do  cônjuge que abandonou o lar há 35 anos e do qual você afirma desconhecer o paradeiro,  que ele mora, coincidentemente no mesmo endereço que você, você responde:
a.     (  ) Como é que pode uma coisa dessas, hein?
b.    (  ) Que velho mais sem-vergonha, dando o meu endereço como se fosse o seu!
c.     (  ) É porque o carteiro não vai até onde ele mora e então eu emprestei o meu endereço para ele receber a correspondência.
d.     (  ) Eu sabia que isso não ia dar certo...


Gabarito comentado:
1-     Letra A, porque levanta possibilidade de se estar falando a verdade, embora a letra D seja talvez a mais condizente com a realidade, seu nível elevado de franqueza não inspira muita simpatia pelo seu caso. Observe-se que alguma resposta semelhante como ‘o pneu do trem furou’ compromete totalmente a sua história.
2-    Letra C. É possível facilmente comprovar a veracidade das palavras do cidadão analisando o que resta da carteira profissional. A letra D resume bastante claramente todos os fatos anteriores.
3-   Letra A que,  pelo seu forte apelo emocional, elimina o desleixo sugerido  pelas letras B e D e a total alienação representada pela letra C.
4-   Todas as respostas podem ser consideradas corretas, principalmente considerando-se a frase final, comum a todas elas.
5-    Letra D porque não adianta nem espernear porque o seu benefício vai pro saco.








                  




sexta-feira, 9 de maio de 2014

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O ATENDIMENTO SIMPLES


Um grande mistério envolve o mais comum dos tipos de atendimento do INSS, o orientação e informações, aquele que a senha determina que deve utilizar no máximo 10 minutos do tempo do atendente e cuja duração, na realidade, varia de 2 a 45 minutos. Intrigados com tal disparidade, foi realizada uma minuciosa análise do problema e verificou-se que as causas são bastante variadas, como exemplificamos a seguir:
1 – Senhas aleatórias: O segurado comparece ao balcão para pegar uma senha e faz uma longa, complexa e ininteligível explanação que pode significar qualquer coisa, desde a solicitação de um extrato como o cadastramento de uma procuração ou um demoradíssimo cálculo de diferença de valores a ser pagos. Para simplificar tal densidade problemática, o ilustre distribuidor de papeizinhos numerados, sem querer se aprofundar no relevante tema, oferece ao cidadão uma singela senha de 10 minutos. Ou, então, o segurado se refere vagamente a algum papel e sem se importar se o mesmo é para ser retirado como, por exemplo, o CNIS ou se é para ser entregue, podendo resultar no cumprimento de uma exigência de SIBE, o que faz absurda diferença, o solícito colega, sem grandes considerações, oferece-lhe a famosa senha de atendimento expresso.
2 – O servidor sofisticado: É aquele colega que não consegue, de forma alguma, ser objetivo no atendimento. Um bom exemplo é uma solicitação de extrato de empréstimos que,  apenas com o CPF do segurado, encontra-se o número do benefício, copia, cola na página do Consigweb e pronto... Tempo gasto, dois minutos. Já o nosso colega divagante pega o RG do cidadão, lê um nome complicado como, por exemplo, o do cineasta Krzysztof Kieslowski, pergunta se o nome é russo, ouve em reposta que é polonês, fica pensando em algo interessante sobre a Polônia para puxar assunto e exibir conhecimento, não encontra nada na cachola e pergunta, finalmente, o que o cidadão deseja. Então insiste, em lugar de fazer a busca do número do benefício pelo CPF, em pesquisar pelo quase impronunciável nome; evidentemente só acerta na décima quinta tentativa. Conhecedor do número desejado, em vez de copiar e colar, transforma-o em dezenas do jogo do bicho e, num exercício de memoria, tenta gravar a sequencia e colocar tudo no lugar devido. Avestruz, águia, burro, elefante, urso. Não. Águia, elefante, burro, avestruz, urso. Não, não. Águia, elefante, avestruz, burro, urso. Também não. Acho que tinha borboleta no meio. Borboleta, pavão, urso, burro e avestruz. Oitenta e oito minutos mais tarde eis que surge, finalmente, o esperado extrato. Agora é só acordar o segurado e entregar-lhe o produto do exaustivo esforço intelectual.
3 – Atendimento infinito: A cidadã pede um extrato de pagamento de benefício. Quando o servidor, depois de se levantar, ir até a impressora, voltar, sentar e entregar o papel, ouve da segurada que ela quer também o extrato de empréstimos. Ele repete a operação e ela lembra que precisa também do extrato para o imposto de renda. Tudo isso  temperado por tapinhas na mão do atendente no momento em que ele usa o mouse, fazendo o cursor entrar em órbita. “Foi você que me atendeu no outro dia, lembra?” Tapinha na mão. “Foi é muito gentil” Tapinha. O servidor, sobrevivente de tudo isso, ainda não está liberado porque, para aproveitar a ocasião ela quer saber se a prima da vizinha tem direito à pensão por morte; se o tio da irmã da amiga da senhora que mora na rua debaixo pode receber LOAS ou se o cachorro do marido e aí o colega, já tonto de tantas perguntas, fica sem saber se se trata de uma ofensa marital ou alguma consulta veterinária.
4 – Protocolo zero: A segurada quer apenas informações sobre o andamento de um processo. Só que não tem protocolo nem sabe de que tipo de benefício se trata. Então o servidor, de posse do documento de identidade da requerente, vai de um sistema ao outro pesquisando e não encontra absolutamente nada em nome ela. Pergunta, pois, se o benefício não seria para o filho. Sim. Bingo! Ela completa dizendo que é aposentadoria do filho. De três anos de idade. Este aparente contrassenso revela a inequívoca informação de tratar-se de um LOAS. Enigma resolvido, em menos de meia hora o simpático sistema SIBE oferece o campo para se colocar o nome do beneficiário. Como se já não bastassem os tormentos vividos até o  momento, o nome da criança muito se assemelha ao do cineasta polonês citado acima. Algo como Kristorfeson ou Cristiofersohn ou Khriteferson ou Kristioteverson, a mãe não tem muita certeza da grafia que, com boa vontade e muita perseverança, através de árduos exercícios de tentativa e erro, o servidor há de descobrir qual é.